eu compartilho: a história de laura miriam

8 fev

[laura miriam aos 6 anos e seu irmão eduardo]

Olá pessoal, meu nome é Laura e tenho 30 anos. Quando li o blog da Miki me identifiquei com as histórias, e fiquei imaginando como nós seres humanos podemos ser tão cruéis uns com os outros…

Sempre fui inteligente, pelo menos quando era criança (rs), branquinha, cabelos lisos, teoricamente nada que pudesse me tornar vítima de bullying. Errado, tinha sim um motivo: eu vinha de uma família Cristã (Evangélica). Hoje em dia está tudo mais fácil, as moças evangélicas cortam cabelo, usam calça, etc., porém, na minha época, nós seguíamos os costumes tradicionais da igreja evangélica (ainda sigo).

Quando era criança, minha mãe me deixou usar calça até uns 7 anos, depois eu já fui ensinada a me vestir como as outras mulheres da igreja, isso não me causou problema algum, porque sempre gostei e gosto de ser o que sou. Porém as crianças tendem a ser cruéis, fazem e dizem coisas que nos magoam. Além de não me vestir como as outras meninas, eu não ouvia músicas (só gospel), não cortava meu cabelo (que era lindo sem falsa modéstia), e isso me fazia diferente na ideia deles.

Sempre fui muito esperta, porém devido aos amigos rirem de mim, ficarem cantando “musiquinhas” quando eu passava (tipo: “na casa do Senhor não existe Satanás”), me excluírem de muitas coisas por acharem que eu não devia estar junto deles ou por terem vergonha de serem vistos comigo, fui me tornando uma moça tímida e reprimida, só ficava à vontade com pessoas da minha religião e que tinham os mesmos costumes que os meus.

Tinha vergonha de falar com as pessoas, de ir a lugares públicos, festinhas dos colegas, comer em público era o fim (rs)… fui me afastando de tudo o que uma adolescente gosta de fazer, pois quando me viam já começavam a fofocar uns com os outros: “O que a “crente” quer aqui?”

Foi uma adolescência difícil. As minhas melhores amigas eram negras, pois éramos excluídas do resto do pessoal, até hoje tenho contato e linda amizade com elas, o que me faz entender que somos todos iguais perante Deus.

Aos 17 anos comecei a trabalhar e fui muito humilhada por uma colega de trabalho porque devia me achar uma tonta, por ser magrinha, de cabelão e vestindo “saião” como elas diziam, foi um período muito triste da minha vida, mas que me fez aprender a reagir a essas ofensas e a não me preocupar com o que pensam ou acham de mim.

Muitos falam de preconceito, mas nem imaginam que haja preconceito desse tipo e o que isso causa numa criança.

Depois de casada já passei por ocasiões bem desagradáveis, de pessoas tirarem sarro quando eu passo, dizendo coisas do tipo “vou pra igreja” ou “pastor é tudo ladrão”. Sem contar pessoas que dizem que “odeiam crente” e outras coisas mais…

Só queria que entendessem que o modo de uma pessoa se vestir, ou a cor da pele, ou tipo de cabelo, não revelam o que realmente tem por dentro, que todos temos uma alma que sente igual, que sofre igual e que são vistas por Deus sem diferença.

[laura miriam hoje]

Hoje sou feliz: casada há 10 anos, estou no último ano da Faculdade de Administração de Empresas, trabalho num local onde todos me respeitam, estou esperando meu primeiro filho e não me importa o que pensam ou acham de mim ou de como me visto. Porém, ainda ficam perguntando porque não uso calça, brincos e essas coisas, mas aí eu pergunto: “e porque você usa?” (rs) Aí não sabem responder…

Espero saber criar meu filho nos ensinamentos Cristãos, sempre dizendo que o maior sentimento é o amor, que amar também é tolerância às diferenças…

beijinhos a todos…que Deus os abençoe…

Laura Miriam


+ diário da gravidez da laura miriam

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